Seres humanos possuem um relógio biológico que dura 24 horas e controla os tempos de atividade e de sono. Esse relógio é chamado pela ciência de ciclo circadiano e ele regula uma série de comportamentos fisiológicos como liberação de hormônios, alteração cíclica de temperatura, o sono, períodos de maior atenção e concentração, dentre outros. O que se sabe hoje em dia é que nosso relógio biológico não é universal e existem diferenças de indivíduo para indivíduo; estudos mais profundos permitiram o agrupamento de seres humanos em dois grandes grupos de funcionamento do relógio biológico, as cotovias e as corujas.

As cotovias são pássaros de hábitos mais diurnos, da mesma forma, os indivíduos cotovias tendem a acordar mais cedo e possuem dificuldade de ficarem acordados até tarde da noite. Se identificou? Talvez você pertença ao outro grupo de indivíduos, as corujas, que assim como os animais são indivíduos que possuem hábitos mais noturnos, eles vão dormir tarde da noite e acordam mais tarde pela manhã. Apesar de haverem mais classificações, a maioria das pessoas se identifica com um tipo ou o outro.

E como seu relógio biológico regula também o período de maior atenção das pessoas, existe o chamado jetlag social: um desalinhamento entre o relógio biológico do indivíduo (cotovias/corujas) e o relógio social (o tempo estabelecido pela sociedade para determinada atividade).

Cientistas da Universidade da California, Berkeley descobriram recentemente como o relógio biológico interfere na capacidade de estudo de universitários. Eles acompanharam em mais de 15.000 estudantes o tempo de atividade online em plataformas sociais, utilizando esses dados para separar indivíduos em cotovias e corujas, baseado em suas atividades diárias. Depois, eles identificaram em cada grupo o período de suas aulas (manhã/tarde/noite) e correlacionaram com o rendimento escolar.

Os pesquisadores descobriram que quando as pessoas pegavam aulas fora de seu relógio biológico – por exemplo corujas pegando aulas de manhã cedo – seu rendimento escolar caía em comparação com indivíduos que assistiam a aulas sincronizadas ao seu relógio biológico interno. O chamado jet lag social.

gráfico aproveitamento escolar

Após, os pesquisadores olharam como as cotovias e corujas haviam programado suas aulas (manhã/tarde/noite) em até dois anos anteriores. Cerca de 40% dos estudantes possuíam aulas sincronizadas com seu relógio biológico – cotovias fazendo aulas pela manhã e corujas fazendo aulas à noite. Como resultado, eles possuíam um rendimento escolar mais alto e iam melhor nas aulas. Porém, isso quer dizer que a maior parte dos estudantes não programa suas aulas em sincronização ao seu relógio biológico, atrapalhando seu rendimento escolar e seu entendimento das aulas.

Como as diferenças entre as cotovias e as corujas são genéticas em sua maioria, existe uma limitada capacidade dos indivíduos de mudarem seus relógios biológicos. Se você se considera uma coruja, por exemplo, você pode tentar lentamente adaptar seu relógio biológico para despertar mais cedo e possuir uma maior atividade nesse horário, mas nunca funcionará nesse período do dia como uma cotovia naturalmente funciona infelizmente. Por conta disso, a pesquisa sugere que no futuro as aulas passem a ser personalizadas, atendendo aos diferentes tipos de relógios biológicos e facilitando o aprendizado. Enquanto isso, nós aqui do Neuropod sugerimos que olhemos para como nosso relógio biológico funciona antes de programar as matérias do semestre.

E você é uma coruja ou cotovia? Estuda no período diurno ou noturno? E seu rendimento escolar é reduzido por conta disso? Mande um comentário ou tire dúvidas com a gente, pois queremos saber!

E continuem ligados no neuropod.

Referência
Smarr, B. L., & Schirmer, A. E. (2018). 3.4 million real-world learning management system logins reveal the majority of students experience social jet lag correlated with decreased performance. Scientific Reports, 8(1), 4793

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Comments

  1. Silvia Barros Reply

    Gostei muito! Me identifiquei como “cotovia” !😀

    • Fernanda Barros-Aragão Reply

      Obrigada! Eu (Fernanda) me identifico com a coruja. 🙂

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