Fazer dieta é sempre extremamente difícil para qualquer um que já experimentou evitar alimentos calóricos. Se fala muito sobre como durante a evolução humana, o homo sapiens passou por ambientes de restrição de alimentos, o que facilitaria a sobrevivência de pessoas que tivessem uma preferência inata a alimentos mais calóricos – muito mais eficiente um consumo que o ajudasse a produzir mais energia. Essa pressão evolutiva é uma teoria que já se encontrou evidências em diversas espécies animais, incluindo mamíferos. Neles se observava uma preferência por alimentos mais calóricos em sua dieta. Porém, muito se debatia se seres humanos também possuíam essa capacidade de adaptação.

Recentemente descobriu-se que nosso cérebro guarda de forma implícita a localização espacial de alimentos calóricos. Para estudar isso, cientistas criaram um labirinto no qual participantes navegavam e cada cômodo possuía uma amostra de alimento. Os alimentos eram de paladares semelhantes, doce e apetitosos, porém diferiam na quantidade de calorias. Os cientistas se utilizavam de pistas visuais e olfatórias para que os participantes pudessem se localizar, ,mas não informavam os mesmos que haveria um teste de memória pós-teste – a ideia era saber se haveria uma memória implícita (não-consciente) sobre a localização dos alimentos de alto índice calórico ou baixo índice calórico.

O experimento provou que os seres humanos também tendem a priorizar a localização de alimentos de alto índice calórico, como já demonstrado em outros animais. Os cientistas acreditam que assim como modelos animais, em seres humanos o cérebro se utiliza das informações sensoriais (cheiro, gosto, visão) para localizá-las no hipocampo em “neurônios de lugar” (onde já discutimos um pouco sobre seu funcionamento nesse artigo aqui). Esses neurônios teriam um aumento na atividade após o reconhecimento de um alimento altamente calórico, pois seria reconhecido como um recurso prioritário, o que não aconteceria com alimentos de baixa caloria. E os cientistas acreditam que essa atividade é independente do estimulo sensorial que o hipocampo recebe (olfato, visão, paladar). Ou seja, se você viu um hamburguer, seu cérebro vai priorizar a memória da localização desse alimento, quando comparado à uma fruta que você tenha visto.

Como nossa memória favorece que lembremos a localização de comidas mais calóricas, é razoável imaginar que isso facilitaria nossa escolha por alimentos mais calóricos frente uma grande opção de alimentos disponíveis – como os próprios autores do artigo sugerem na discussão.

Referencia : https://www.nature.com/articles/s41598-020-72570-x?fbclid=IwAR0_KJrVDJUlAZbz48eN3IQR8ye-0jkcxWFl27dH2qOK6bTyV3tpJYb_4V4

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