Leqembi foi aprovado para uso em pacientes com a doença de Alzheimer em estágio inicial pelo FDA (“Anvisa americana”), trazendo esperança para pacientes e familiares.

Como esse medicamento funciona?

Placas amiloide em cerebro
Placas amilóide (em marrom) acumulam-se no cérebro de pacientes com Alzheimer.

No cérebro de pacientes com a doença de Alzheimer existem várias marcas causadas pelo acúmulo anormal de uma pequena proteína chamada beta-amilóide. Chamamos essas marcas de placas amiloide (veja a figura ao lado).

Antes de formar os grandes agregados presentes nas placas amilóides, a proteína beta-amilóide começa se agregando em porções menores, solúveis, capazes de trafegar pelo cérebro. A hipótese corrente é que o acúmulo da proteína, em seus diferentes estágios, desencadeie os demais problemas associados a doença e que culminam com a morte de neurônios.

O Leqembi (ou Lecanemab) é um anticorpo que se liga a fibras solúveis da proteína beta-amilóide, facilitando a eliminação delas pelos sistemas de defesa do paciente.

O que foi descoberto?

O leqembi já vem sendo estudado há mais de uma década, primeiro em cultura de células, animais, depois em humanos. Um estudo em 854 pacientes com Alzheimer inicial, finalizado em 2021, mostrou que o tratamento com leqembi, comparado ao placebo, diminuiu a velocidade de progressão da doença e o declínio cognitivo associado ao diminuir o acúmulo de beta-amiloide. Esse estudo foi confirmado em um estudo maior de fase 3 (com 1795 pacientes) finalizado em janeiro deste ano (2023).

E agora?

O leqembi é comercializado pelas farmacêuticas Eisai e Biogen. O medicamento já havia recebido uma aprovação acelerada em janeiro. Em junho, o comitê consultivo do FDA endorsou unanimamente a eficácia e o benefício clínico do Leqembi. No dia 06 de julho (2023), o FDA então deu a aprovação total ao medicamento.

Outro medicamento (Adulhem ou aducanumab), com mecanismo de ação semelhante e produzido pelos mesmos fabricantes, já havia recebido a aprovação acelerada pelo FDA em  2021. O caso foi controverso pois, apesar de diminuir o acúmulo amiloide, o medicamento falhou em frear a progressão da doença. Com isso, leqembi é o primeiro medicamento da classe a receber aprovação total.

O leqembi é destinado ao tratamento de pacientes diagnosticados com a doença de Alzheimer apenas em seu estágio inicial. Os custos associados ao tratamento são altos, podem chegar a 26 mil dólares por ano. Isso sem contar os custos com os exames para monitorar se a proteína amiloide está sendo de fato eliminada. Contudo, a aprovação pelo FDA pode impulsinar a cobertura pelo plano de saúde federal americano Medicare (destinado a idosos e pessoas com certas deficiências) e outros planos privados.

O medicamento segue em avaliação. Os médicos reportarão dados básicos dos pacientes em tratamento, assim como a frequência de efeitos adversos.

Cabe ressaltar que a aprovação é válida apenas nos E.U.A. Para ser aprovado no Brasil, os fabricantes precisam solicitar aprovação na ANVISA.

 

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