Um dos maiores estudos realizados na área acompanhou cerca de 650.000 mil crianças nascidas entre os anos de 1999-2010 para saber se a vacinação contra a rubéola, sarampo e caxumba (tríplice viral) teria alguma relação com o desenvolvimento do autismo. E descobriram algo que já está na literatura cientifica há um tempo: não existe qualquer relação entre vacinação e o desenvolvimento de autismo.

O boato de que havia relação entre vacinação e autismo vem de um estudo publicado em 1998 por Andrew Wakefield. O problema do estudo foi de que seu autor foi acusado de falsificar os dados, a metodologia utilizada não era adequada e o próprio autor foi condenado por fraude. Antes de sua condenação ou das acusações de má conduta, milhares de laboratórios de pesquisa no mundo inteiro começaram a investigar a relação entre vacinas e autismo. E todos esses estudos refutaram o achado de Andrew Wakefield, quando a fraude começou a ser investigada.

Para refutar o estudo de Andrew, foi acompanhado o número de casos de autismo antes e após a vacinação obrigatória da tríplice viral. Um desses trabalhos, realizado no Reino Unido não encontrou um aumento no número de casos de autismo diagnosticado em crianças após a obrigatoriedade da vacinação. E outros estudos similares realizados nos Estados Unidos, Dinamarca, Noruega, também não encontraram relação.

Uma das críticas do movimento anti-vacina a esses estudos é pelo fato de não investigarem se a vacinação aumenta a chance de desenvolver autismo em grupos que são considerados de risco, ou seja, tem maior chance de seu desenvolvimento. Por esse motivo o grupo de pesquisa de Anders Hviid conduziu entre os anos de 1991 e 1998 um estudo acompanhando 530.000 crianças, inclusive aquelas que tinham maior susceptibilidade ao desenvolvimento de autismo por conta de casos na família. Novamente a constatação de que não havia relação entre a vacinação e autismo: não foi encontrado nenhum aumento no número de casos. Pessoas que tinham maior susceptibilidade também não desenvolveram autismo por conta da vacina. Agora em 2019 o grupo de pesquisa de Anders realizou novamente esse estudo, aumentando para 650.000 o número de crianças acompanhadas e publicou o mesmo achado de seu trabalho anterior: não existe relação entre vacinação e autismo.

Se a comunidade científica já sabia sobre o achado, porque continuar a explorar o tema na pesquisa? O movimento anti-vacina cresce a cada dia no mundo inteiro. Doenças já erradicadas estão tendo casos confirmados nos dias de hoje e isso é extremamente perigoso para a sociedade. Foram confirmados 6 surtos de sarampo nos Estados Unidos e 206 casos confirmados entre Janeiro e Fevereiro de 2019. Esse número já é maior do que o número de casos no ano inteiro de 2017. E esses casos acontecem no mundo inteiro, foram reportados 85.000 casos no continente europeu em 2018 e 72 mortes por sarampo no mesmo ano. No Brasil, só em setembro já foram registrados 2753 casos de sarampo, esse número já representa um aumento de 18% em relação ao número de casos do mês de agosto.

E a não vacinação tem ainda mais riscos para a população em geral do que se imagina. Existem grupos que por problemas em seu sistema imune não podem se vacinar, inclusive crianças que estejam realizando um tratamento que afete seu sistema imune, como é comum naquelas diagnosticadas com câncer. Esses grupos não contraem a doença exatamente pelo fato de todos se vacinarem a seu redor e elas estão num risco maior de mortalidade quando contraem a doença exatamente por conta de seu sistema imune comprometido. A vacinação é essencial para proteger todos ao nosso redor e deve ser estimulada.

Caso tenha qualquer dúvidas sobre as vacinações obrigatórias na infância entre em contato com seu médico. Caso queira saber mais sobre vacinas e autismo entre em contato com a gente. O Neuropod já falou um pouco sobre o autismo em uma outra reportagem, se quiserem saber mais, deixo o link aqui.

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