No dia 1º de outubro é comemorado o dia do idoso. É considerado idoso a pessoa com idade maior de 60 anos. Entre 2012 e 2017 no Brasil, a população de idosos cresceu 18%, hoje, os idosos são 9% da população total brasileira. Segundo o IBGE, esse número tende a crescer, as projeções atuais são de que, em 2060, um quarto da população brasileira será idosa. Esse fenômeno é mundial e recebe o nome de envelhecimento populacional. Com os idosos ocupando parcelas cada vez maiores da população, os gastos com previdência e doenças relacionadas ao envelhecimento tendem a crescer.

É claro que o envelhecimento da população está conectado diretamente ao aumento da expectativa de vida. Por isso, alguns especialistas defendem que no dia 1º de outubro seja comemorado o dia da longevidade, e em outubro, o mês da longevidade. E o que podemos fazer para comemorar o mês da longevidade? Pensar em ações para promover o aumento da longevidade e de um envelhecimento saudável, com independência e qualidade de vida. Além, é claro, do respeito aos idosos. Afinal, é isso que todos queremos, não é mesmo? Viver muito, com saúde e dignidade.  Essas ações vão desde políticas públicas, organizacionais a atitudes individuais. Mudanças no nosso estilo de vida podem impactar muito no nosso processo de envelhecimento. Nesse sentido,  o NeuroPod preparou quatro dicas para ajudar no envelhecimento do cérebro e diminuir o risco de declínio cognitivo, demência ou mesmo a doença de Alzheimer, condições comuns no envelhecimento.

As pesquisas na área de longevidade são mais escassas porque são muito difíceis de serem realizadas e caras, elas envolvem o acompanhamento e a modificação do estilo de vida de vários indivíduos durante muitos anos. Antes de partimos para as dicas, precisamos entender que, tanto a demência quanto a doença de Alzheimer são condições complexas que possuem muitas causas (genéticas e fatores ambientais, relacionados ao estilo de vida e saúde psicológica). A prevenção começa por atacar as várias dessas causas que são modificáveis, ou seja, é preciso mudar simultaneamente diferentes hábitos que, em conjunto, levariam a um risco aumentado a desenvolver essas condições. Por exemplo, um  em cada três casos de doença de Alzheimer no mundo são atribuídos a apenas sete fatores principais: diabetes mellitus, hipertensão na meia idade, obesidade na meia idade, sedentarismo, depressão, tabagismo e baixa escolaridade. Porém, intervenções que visam melhorar apenas um desses fatores isoladamente têm pouco efeito, é preciso “atacar” várias frentes diferentes ao mesmo tempo para se obter resultados a longo prazo. Dito isso, vamos partir para as dicas:

  1. Pratique exercícios físicos regularmente. Parece chover no molhado, mas não é. Diversos estudos que acompanharam indivíduos com baixas ou altas atividades físicas ao longo da vida demonstram que a prática de exercícios físicos regular diminui o risco de declínio cognitivo, demência e doença de Alzheimer durante o envelhecimento. São observados benefícios tanto quando o exercício é mantido durante toda a vida do indivíduo, iniciado na meia idade, ou até mesmo quando iniciado em idades mais avançadas. Nunca é tarde demais para começar! Ainda não está claro qual atividade física, frequência ou intensidade trariam os melhores resultados. Vale ressaltar que a prática de exercícios físicos contribui para um envelhecimento saudável de diversas formas, diminui o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, depressão – e todas essas condições aumentam o risco para demências e doença de Alzheimer.
  2. Estude, desenvolva atividades mentalmente estimulantes e mantenha sua vida social em dia. Quanto maior o nível de escolaridade, menor o risco para desenvolvimento da doença de Alzheimer. Entretanto, a educação formal não é a única forma de estimular a mente. Desenvolver trabalhos complexos, com maior demanda intelectual, ou mesmo lazeres que estimulem a cognição (como jogos, leitura, videogames ou palavras cruzadas) também são benéficos e podem diminuir o risco de declínio cognitivo no envelhecimento. Ao mesmo tempo, a solidão e isolamento social  aumentam o risco para o desenvolvimento de demências. O aumento da participação social (fortalecimento de laços de amizade, na família, no trabalho ou comunidade) ao longo da vida ou mesmo durante a velhice é benéfico. Entretanto, assim como no exercício físico, ainda não se sabe quais tipos de atividades mentais e sociais, ou frequência trariam maiores benefícios.
  3. Mantenha uma dieta saudável. Os variados benefícios de uma dieta balanciada, sem excessos de carboidratos (açúcares), sal e gorduras saturadas já são bem conhecidos. Ela diminui o risco de desenvolvimento de obesidade, hipertensão e diabetes do tipo 2 que, por sua vez, são fatores de risco para doença de Alzheimer. Uma dieta rica em peixes, frutas, vegetais, gorduras poliinsaturadas, cereais integrais e amêndoas, por outro lado, mostrou-se benéfica. O consumo de alguns nutrientes específicos são protetores contra o desenvolvimento de demências: ômega-3 (rico em peixes), vitaminas do complexo B (B6, B12 e folato), antioxidantes (vitaminas A, C e E) e vitamina D.
  4. Pare de fumar e beba pouco. O fumo é um fator de risco para doença de Alzheimer. Da mesma forma, o uso de álcool em excesso por longo período de tempo pode levar a diversas doenças físicas, mentais e psiquiátricas, aumentando o risco de perda de memória e demências. Por outro lado, o consumo leve a moderado de álcool pode ser protetor contra o desenvolvimento de demências.

Com certeza, viver mais e melhor deve ser um dos focos na saúde pública e muitos países estão levando isso a sério, investindo em pesquisas na área. Com o avanço nos estudos sobre longevidade, esperamos, com o tempo, termos abordagens cada vez mais individualizadas para prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento. Elas se basearão na faixa etária, classe social-econômica, região geográfica, características genéticas e fatores de riscos de cada indivíduo. Já encontram-se em estudos clínicos abordagens focadas no estilo de vida, como as que listamos, em suplementos alimentares ou mesmo no tratamento com remédios (antihipertensivos e antidiabéticos). A prevenção sempre será a melhor forma de tratamento, a mais barata e eficaz.

 

Fontes:

Kivipelto, Magialasche e Ngandu, Nature Reviews Neurology, 2018. https://doi.org/10.1038/s41582-018-0070-3

Censo IBGE:

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-em-2017

https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/

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